quinta-feira, dezembro 28, 2006

Os meus bolos

Vou começar pela acção de graças. Sou grata por existir cobertura adsl na minha área de residência, sou grata por existir música a meu gosto em todas as partes do mundo. Sou grata por existirem programas de partilha de ficheiros. Sou grata pela existência de uma rede em que nem tudo é peixe mas onde faço grandes pescarias. Acima de tudo sou grata por ainda não ter sido multada por ouvir a música que gosto utilizando os meios possíveis numa plataforma em que a cultura sai demasiado cara, se formos muito às direitas.
Agora que já agradeci (e peço desculpa aos que não nomeei, a emoção do momento não me permite lembrar de todos), passo a apontar os cinco álbuns que rodaram mais tempo na minha cabina privada e os cinco temas que me fizeram olhar para o dígito que o ordena no cd, para eu saber como procurá-lo mais tarde (muitas vezes era mesmo puxar atrás sem deixar sequer começar a música seguinte).

As rodelas:

The Divine Comedy – Victory for the Comic Muse
Vão-se os anéis, fique o Neil Hannon… Os Divine Comedy apareceram em 1989 e já entraram e saíram da cena vários dos actores desta comédia. Neil Hannon é o eterno presente e o responsável pelos sorrisos que desembrulho quando ouço as últimas músicas que desenhou. (O álbum saiu a 19 de Junho, não podia ser mau!...)

Emilie Simon – Végétal
Encontrei-a por acaso quando procurava versões de La Vie en Rose. Encontrei-a por acaso a ela, não à rodela. Desde que comecei a ouvir esta francesa de voz «não fui eu, juro», que estou sempre atenta às possíveis impressões digitais que vai descortinando. No ano passado construiu a ost da Marcha dos Pinguins, este ano pôs-me a marchar com Végétal. Afinal gosto de salada…

The Long Blondes – Someone to Drive you Home
Aquela Kate põe-me nas horas! Cantar rock assim é gozar com quem se limita a fazer uns esgares afinados de quando em vez. Já estava viciada nos singles, mas um álbum arrumadinho é outra loiça. Já me prometi ir a um concerto. Haja RyanAir para os pobres!

White Rose Movement – Kick
Música para dançar desenfreada na pista, ou para testar os volumes das colunas do mobile. Já vinham de 2005 a picar-me com Love is a number e Alsatian, mas «a saga continua». Só é preciso de fôlego e um bocadinho de espaço para abanar as extremidades.

Elefant – The Black Magic Show
Tem um não sei quê disto e daquilo que me faz gostar do álbum em geral. Ah e tal… é rock… É rock mas é melodioso! Palavra! Ouçam My apology, ou Lolita, ou It’s a shame, ou… olha: escolham!

E as fatias...

The Whip – Trash
Vem o primeiro e o segundo acorde e o meu corpo já parece não ter parafusos (corpo, não cabeça!), a certa altura o braço ganha vontade própria e eu não consigo evitar que ele marque o tempo como um metrónomo acima de todas as outras cabeças (eu, hein?, acima das outras cabeças!!) «Ouçam. Vão ver que não dói nada!»

Azzido da Bass – Lonely by your Side
Esta música, meus amigos, é tão boa que até há quem a queira passar duas vezes no mesmo set. É o tipo de música que faz perguntar «o que é isto?». É a música que encaixa na anterior e mal deixa os pés pousarem na pista. Se está no set, o dj é bom. Contratem-no!

The Knife – Marble House
Os nórdicos são muito bons na música. Há que dar a mão à palmatória. Agora quando uma dupla de nórdicos faz uma música e convida outro nórdico ainda melhor para dar a voz ao manifesto, já é fazer pouco dos habilidosos que ao fim de um livro do género dos do Eurico Cebolo se dizem músicos. Ou ao fim de 35… É uma música muito inspirada, que não depende só de empenho…

Dead Disco – Automatic
A adição a esta música é automática, como a própria. A morte preconizada é falsa, mas quando ela passa (que coisa mais linda, mais cheia de graça) ninguém quer saber de morte, nem de fazer de morto, e club em que toque esta música é tudo menos uma casa às portas da morte. Vai daí e é por isso que nenhuma casa em Paços a passa. Quero lá saber! Estou mortinha por ouvi-la outra vez!

Stylophonic – Pure imagination
Quais aulas de dança, qual quê? Com um bocadinho de imaginação conseguimos elaborar os passos mais graciosos, mais convincentes, mais…Com imaginação e com uma banda sonora a preceito. É a prova que na Itália não há só italianos jeitosos. Também há música digna de perfilar em qualquer parada internacional.
Bom apetite. Voltem sempre.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma dica: rodelas e fatias mas de livros, porque não? um balanço da letreiratura!