sábado, maio 27, 2006

Vizinhança simpática, a nossa

Paços de Ferreira tem estas vantagens: vai estando perto das coisas. Não as tem, mas vai sendo um vizinho dos que têm. Hoje em Santo Tirso, outras vezes no Porto, amanhã, quem sabe, em Penafiel. Não somos grandes, mas temos bons vizinhos. Dizem...

8 comentários:

j.seabra disse...

então mestre, distraido?
então onde fica o elitis?
e a associação de socorros mútuos de freamunde?
será caso para dizer que os vizinhos de santo tirso vieram agora repetir aquilo que tinham visto algures pela vizinhança...

Johan Strummer Netto disse...

Distraido não. De facto, cá no burgo já contamos com estas visitas. Mas de que forma? Sim, eu estive no Elitis a ouvir o francês: foi uma noite miserável, com uma população estática, numa casa disfuncional (já fechou, não já?). Os brasileiros vieram a Freamunde, e eu também marquei presença. Mas há alguém que queira falar da qualidade do que nos foi cobrado? A sala é como se sabe, o som nem dá para imaginar, e a lista continua por aí fora. E ainda, e digo AINDA (lol) na PdCouto a coisa foi oferecida na mesma noite: é uma questão de fazermos contas aos euros-raros-que-estão...

Rui Coutinho disse...

mas nesta estou com o seabra, mestre pasteleiro.
tu avalias uma concerto/performance por:
a) a reacção do público;
b) a qualidade da casa;
c) a natureza do povo que assiste;

mas será que tudo isso faz ou impede que se faça um bom concerto/performance? não me parece...
para além disso, o teatro da associação de socorros mútuos é uma espécie de sá da bandeira em ponto pequeno: não tem condições, mas isso não impede que se produzam grandes espectáculos. por exemplo, eu e o seabra vimos, num sá da bandeira a cair de velho, sem oferecer condições mínimas de palco, um fabuloso concerto de queens of the stone age.
por outro lado, lembro-me perfeitamente de um extraordinário concerto de tricky no coliseu do porto [o seabra também estava], com muito pouco povo, com a agravante de o povo presente estear/ser amorfo. não impediu que fosse um grande concerto.
às vezes és demasiado miserabilista.

seabra o "boss" disse...

E já agora, quando é que foi a ultima vez que o publico pacense foi visto a vibrar "em casa" sem ser no final do campeonato nacional de futebol???
Ou a aderir a eventos depois das 11 da noite em que a entrada não seja livre e com direito a ofertas como pulseiras, ou bandeiras ou oculos de sol cor de laranja???

Sim, o elitis esta fechado.
Porque?
Porque quando é em Santo-Tirso, ou no Porto, ou noutro sitio qualquer, o pessoal de paços vai e vibra e gosta e queixa-se dos acessos, mas quando é cá na terrinha, que não é preciso ir de carro, e não dá para dar 200km/h até chegar ao destino, acontece como o concerto dos half-backed, ou dos zen, ou as festas populares da cidade, ou como se pode comprovar em quase todos os bares/discotecas do concelho.
Vazio, ou com "mau ambiente".

E quanto a ser no mesmo dia, é como nos festivais de verão, Gift em palco a dar um grande concerto e o pessoal a manda-los embora porque quer ver o Iggy Pop (o outro Seabra tambem estava lá).

Respeitosamente:
Pedro Seabra

Johan Strummer Netto disse...

Numa altura em que o patriotismo volta a estar em alta, ainda que o desastre dos meninos no campeonato europeu tenha resultado numa tragicomédia, fico agradado que nem só o futebol nós defendemos.
Ser positivista, a meu ver, é gostar de andar enganado. Mas daí a ser miserabilista, como tu referes Rui, é um verdadeiro elástico, a não ser que a miséria ande de mão dada com a crítica efectuada a quem propõe maus projectos, ou resultado de andar triste pela ausência de propostas honestas e apelativas. Estou em crer que quem se propõe a vender comida não pode apresentar apenas os refogados para repasto, usando inúmeras e variadas desculpas da praxe. Parece-me a mim que se todos nós criticássemos de forma construtiva (onde eu penso que me insiro, ou pelo menos tento veementemente) as coisas só poderiam melhorar.
Verão, cabelos ao vento e os The Gift a embalar-nos. Eu estava lá. E lembro-me bem do som que nos presentearam, onde, com um palco entalado (textualmente) entre dois pavilhões, as ondas sonoras nem sequer sabiam para que lado fugirem.
Elitis, com a elegante vodka na mão e o pezinho a tempo do beat, na discoteca Elitis. Eu estava lá. E lembro-me bem desta casa ser a única discoteca que tenho memória que o som dos graves conseguia empurrar os meus tímpanos para junto do cerebelo. Aliás, a deslocação da pequena mole humana da pista em direcção ao ponto mais afastado dos pilares sonoros era elucidativo.
Parque de Exposições, de olhos pousados no palco para gozar Half Baked. Eu estava lá, e sem ensaiar posso dizer que o som ecoava entre aquelas chapas da cobertura e ricocheteava em tudo que era parede longínqua? O meu amigo Paulo, aos comandos da consola central que comandava os microfones suava e, garanto que não era de calor, mas falta-lhe o dedo de Midas, mas isso também só vêm nos livros.
TASM, ciadadela de Freamunde a linkar ao meu saudoso Brasil com os Télépathique. Um leitor de cd’s e um microfone: será esta a grande equação para resolver em som tolerável? Naquela noite não, revelou-se numa proposta titânica sem que o fim fosse melhor que o início.
Quatro casos rasgados transversalmente com uma premissa comum: música e som, em Paços não casa muito bem.
Mas há mais, porque não quis criticar por criticar. Há a noite Gift bruscamente interrompida pela autoridade local acrescida do desaparecimento cruelmente precioso da vereadora camarária responsável; há proposição de um grande nome do house francês e mundial para uma discoteca longe de estar estruturada para o receber, desde funcionários a clientes; há a escolha de um lugar que alberga milhares para a promoção de duas bandas da terra, que tocam som (dito) alternativo, sem que houvesse conforto, qualidade e até uma temperatura ambiente suportável (era inverno e o frio – surpresa – preencheu ou que sobrou do espaço); há um teatro em degraus cobertos de uma alcatifa posta à pressa, convidando o público a manobras de equilibrismo despropositado.
Mas, parece-me, mais grave que isso, falta de honestidade no que concerne à edificação de um propósito deste género. Lá por se tratarem de espectáculos não significa que sejam para multidões. Mesmo que seja punk não quer dizer que quem o ouve não goste de conforto. E ainda que seja música brasileira não podem ser empurrados para um espaço qualquer. (Comparar o TASM ao Sá da Bandeira era piada, não era Rui?)
Nada me agradaria mais do que PF ser um polo cultural em crescendo. As alturas das experiências datam de 1994. Naquela altura tolerava-se o «não foi bom, nem mau: fez-se». Mas hoje, doze anos após, creio que merece mais atitude e critica, por quem vê e, principalmente, por quem faz. Mais caro, ou mais barato, ou à nossa moda (de borla), nós vamos sempre, ainda que seja em pequeno, mas bom.

Rui Coutinho disse...

caro joão,
confundiste a obra-prima do mestre com a prima do mestre de obras.
nunca procurei deizer que estamos culturalemente em qualquer tipo de patamar. apenas e só dizer-te que não é só em nosso redor que as coisas acontecem. e desculpa lá: se calhar o 31 tem boas condições para receber dj's? não tem... claro que não. se calhar em penafiel temos melhores sítios do que em paços? não temos... se calhar a pedra do couto é melhor que o elitis? não é.
a predisposição é que é diferente.
não te queixes das condições, joão. queixa-te antes se as condições forem pretexto para não se fazer. e, apesar de tudo, não tem sido. e isso, a meu ver, é que é o mais importante.
tudo o resto parece-me manobra de diversão. e, repito, um miserabilismo que é muito nosso: lá fora é que se esta bem. até se pode estar melhor [culturalmente, é inegável], mas isso não significa que aqui se esteja mal.
estranhaste comparar o tsb com o tasmf: a comparação era absolutamente metafórica, como julgo que terás percebido [mas fica melhor no texto ceder à tentação fácil de brincar com isso]. mas então dou-te outras comparações mais estapafurdias:
- no sudoeste, condições de conforto é exactamente o que não existe; em paredes de coura idem aspas [a edição do ano passado, com AQUELE cartaz, não tinha bares suficientes para servir toda a gente]...
- no sbsr de 2004, o tal do regresso dos pixies, demorava-se uma hora para beber uma cerveja, e para verter umas águas, só se fosse no rio...
- em 98, acabadinho de estrear [ainda cheirava a novo], o atlântico recebeu massive attack; estive lá e levei uma das maiores porradas de som da minha vida; os graves embrulharam-se tanto que pareciam uma prenda de natal...
queremos locais confortáveis e com todas as condições para receber espectáculos de forma condigna? claro que sim... mas deixar que isso seja condição sine qua non para a sua realização ou, por outra, achar que, por isso, o que se passa lá fora é que é bom, não aceito...
lembras-te de passar discos sem sequer teres um denom [ou equivalente]? e as coisas não se faziam?
ps: correcção - não foi o concerto dos gift que foi interrompido pela polícia municipal, mas sim um concertoi de bandas locais. quanto ao som do concerto dos the gift, em 2001, tive a oportunidade de tocar nesse concerto e depois assistir a ele. curioso, mas não me lembro de ninguém se queixar do som. mas devo ser eu, que sou como o outro: um pouco mouco...
grande abraço.

Johan Strummer Netto disse...

(às vezes) da confusão surge a verdade.
A frase é boa, e alguém já a deve ter utilizado…
Isto tá bom.
Mas vamos por partes.
Aceito a correcção acerca do concerto. Talvez esteja eu a fazer confusão, já lá vai algum tempo, se isto servir de desculpa.
- Em relação às condições do TRINTAEUM, estou em completo desacordo com a tua opinião. É um bar pequeno, com bom som, boa aparelhagem, bom serviço, e bons preços comparados com os praticados em locais (quase) semelhantes.
- A PdCouto vs Elitis: nem vou comentar então, tal a diferença abismal da infra-estrutura.
- Contratar um Dj (actualmente) e ele aceitar trabalhar sem material condigno à sua performance, desculpa, mas parece-me falta de consideração por quem paga e ouve o dito. Como referi, ou evoluímos nos padrões de exigência ou então, parece-me, mais vale estar quietos.
- Quanto ao restante, suponho que estão ditas as realidades: faz-se alguma coisa, mas não se faz em termos.
E só por serem feitas devemos aplaudir? Não me parece.

Anónimo disse...

"E só por serem feitas devemos aplaudir? Não me parece" nao te parece, porque pouco das o corpinho ao manifesto, se fosse o teu sangue, suor, e dinheiro pensarias de forma diferente, mas nao, estas ocupado em achar te o melhor e mais bem formado de todo o bairro... a tua sorte é que a acutilancia da lígua dos que te rodeiam, tem melhores principios que a da tua