quarta-feira, janeiro 17, 2007

Letreiratura: Fornada de 14 de Janeiro

Na última sessão de sons e declamasons fui buscar à prateleira dos premiados o espanhol Juan Ramón Jiménez, e ele trouxe ao colo o seu «Platero e eu». Desta vez, nao vou escolher uma passagem, vou optar por algumas frases, expressões menores, com toda a ironia que me é permitida.

«Uma enorme nuvem negra, como uma gigantesca galinha que tivesse posto um ovo de ouro, depôs a Lua sobre a colina.»

«Platero, nao sei se com o seu medo ou se com o meu, trota, entra no regato, pisa a Lua e fá-la em pedaços.»

«Não sabem o que fazer. Voam mudas, desorientadas, como as formigas quando uma criança lhes pisa o carreiro.»

«O poço! Platero, que palavra tão funda, tão verde-negra, tão fresca, tao sonora! Parece que é a a palavra que perfura, girando, a terra escura, até chegar à água.»

«A solidão é como um grande pensamento de luz.»

«Já o Sol, Platero, começa a ter preguiça de sair dos seus lençóis, e os lavradores madrugam mais do que ele. É verdade que está nu e que faz frio.»


Porque, afinal de contas, não se encontram Prémios Nobel debaixo das pedras...

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