Paços de Ferreira, reconheçamos, está a ganhar algum protagonismo. Poucos dias depois de sabermos que a IKEA vai montar a barraca das máquinas (pequena oficina com pouco mais de 700m de comprimento) cá no sítio, inaugura uma nova superfície comercial, com todas as mais-valias que se esperam de um shopping da cidade. Chega o Ferrara Plaza e de atrelado, o Carrefour.
Os outdoors sucedem-se. Publicidade a esta e aquela loja, e até àquela outra. Na rádio ouvem-se os spots que vão aguçando (ou criando) interesse a quem ouve, alguns bem elaborados ou não fossem eles ro cartão de visita de empresas tão importantes.
Permito-me achar que com toda a pronúncia que os pacences são capazes de adir, poucos teriam a capacidade de distorcer tanto o falar cá da província. Ora então o spot radiofónico do Carrefour a certa altura rola assim:
(Jornalista) Estamos aqui em Paços e vou falar aqui com uma senhora. Boa tarde, sabe que o Carrefour vem para Paços de Ferreira?
(Senhora pacence) xei xim xenhore, é o carrefure a xigare e os prexos a baixare!
Pode ser da minha visão extremamente condicionada no que diz respeito a estratégias de marketing, mas parece-me que o Carrefour está a falar de Paços de Ferreira, a cidade que fica a cerca de 25 Km do Porto, mais ou menos ao centro no Douro Litoral e não de uma aldeia perdida no interior transmontano. Posto isto, soa-me no mínimo estranho que uma empresa que se quer fazer querida numa cidade que apesar dos seus parcos cinquenta mil habitantes, tem políticos reconhecidos a nível nacional, é a capital do móvel, é plena de empresários, tem centros de formação, uma escola profissional e algumas coisas mais, opte por fazer uma campanha promocional usando a pronúncia de alguém que nunca poderia ser de Paços. Sim, porque é preferível pensar que a equipa de marketing fez uma má investigação no que diz respeito às variedades linguísticas da zona de acolhimento, do que considerar que é uma estratégia de marketing acertada chegar e chamar parolos aos pacences, esperando que surta efeito o conhecido provérbio quanto mais me bates, mais eu gosto de ti.
Pode ser só de mim, é certo, mas gosto pouco que me batam.
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