Ironicamente, ontem, no N de Nada, chamamos ao púlpito um francês, Albert Camus. Este escritor nasceu em 1913 na Argélia (também) e morreu aos 46 anos em Paris, tendo pelo caminho arrecadado um Nobel da Literatura, contava na altura 43 anos. Invejável, no mínimo.
O livro a que demos especial destaque, ironicamente também, ou não, foi «O Estrangeiro», editado pela primeira vez em 1949, com edição portuguesa de 2006, pela Editora Livros do Brasil, pelo preço de um sumo de laranja e uma tosta mista.
Desse folio, escolhi para hoje o trecho em que pus o primeiro marcador:
«Depois de vestidos, ficou admirada de me ver com uma gravata preta e perguntou-me se estava de luto. Disse-lhe que a minha mãe tinha morrido. Como queria saber há quanto tempo, respondi-lhe: «Morreu ontem.» Esboçou um movimento de recuo, mas não fez nenhuma observação. Tive vontade de lhe dizer que a culpa não fora minha, mas detive-me, porque me pareceu já ter dito isso mesmo ao meu patrão. Isto nada queria dizer. De qualquer modo, fica-se sempre com um ar um pouco culpado.
À noite, Maria esquecera-se de tudo. O filme tinha momentos engraçados e outros realmente idiotas. Encostava a minha perna à dela. Acariciava-lhe os seios. Para o fim do espectáculo beijei-a, mas mal. À saída, veio a minha casa.
Quando acordei, fora-se já embora. Explicara-me que tinha de ir visitar uma tia. Pensei que era domingo, o que me aborreceu: não gosto dos domingos. Então voltei-me na cama, procurei na almofada o cheiro de sal que os cabelos de Maria ali tinham deixado e dormi.»
1 comentário:
O livro da minha vida... quantas vezes me senti o Mersault...
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