«Não caminhes atrás de mim que posso nao te conduzir,
não caminhes à minha frente que posso não te seguir,
caminha a meu lado e sê meu amigo.»
Albert Camus
não caminhes à minha frente que posso não te seguir,
caminha a meu lado e sê meu amigo.»
Albert Camus
Esta semana no Galeria repesquei Albert Camus, com A Peste, o livro que lhe trouxe glória em 1947, ao retratar a epidemia de peste na cidade argelina de Orão. Agrada-me sobretudo o tom optimista com que , acima de tudo, nos guia pela cidade massacrada pela doença. Mas também outra coisa nao seria de esperar de uma pessoa que diz que «amar e não ser amado é mau, mas não amar de todo é a própria infelicidade». Das legendas deste cenário que adopta por vezes tons mais ocres, escolho para aperitivo nesta nossa humilde pastelaria o que abaixo transcrevo:
«A palavra «peste» acabava de ser pronunciada pela primeira vez. Neste momento da narrativa que deixa Rieux atrás da sua janela, permitir-se-á ao narrador que justifique a incerteza e o espanto do médico, visto que, com cambiantes, a sua reacção foi a da maior parte dos nossos concidadãos. Os flagelos, com efeito, são uma coisa comum, mas acredita-se dificilmente neles quando nos caem sobre a cabeça. Houve no mundo tantas pestes como guerras. E, contudo, as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas. (...) Quando rebenta uma guerra, as pessoas dizem: «Não pode durar muito, seria estúpido.» E, sem dúvida, uma guerra é muito estúpida, mas isso não a impede de durar.»
CAMUS, Albert, A Peste, Editora Livros do Brasil, Colecção Nobel, Lisboa, 2006, p.42

A ilustrar este postal de letreiratura escolhi Pieta de Paula Rego, de 2002,
não directamente relacionado com a obra, mas com o sentimento de perda que a cobre.
Sem comentários:
Enviar um comentário