domingo, março 04, 2007

bacios...

Agora que começou o período de quarenta dias que antecede a Páscoa e que são (ou deveriam ser) para o cristão os dias mais importantes do ano, vou virar as agulhas da temática mitológica e pagã para os temas cristãos, sendo que afinal esta até uma das mais, senão a mais importante temática da arte Ocidental.

Não saindo no entanto ainda da península itálica, vamos de encontro ao artista que faz a transição entre a idade média e o renascimento: Giotto di Bondone (1266-1337), pintor italiano, nascido em Vespignano, perto de Florença.
De acordo com o historiador Giorgio Vasari, ele teria começado a desenhar ainda com 11 anos, quando era um pastor de ovelhas, fazendo desenhos em rochas. O artista Cimabué o teria visto desenhando uma ovelha e pediu ao pai de Giotto para leva-lo para ser o seu aprendiz. Posteriormente, Giotto teria pintado uma mosca no nariz de uma figura com tanta habilidade que seu mestre teria tentado afugentar o insecto várias vezes antes de perceber que se tratava de uma pintura.
A característica principal do seu trabalho é a identificação da figura dos santos com seres humanos de aparência comum.
Na modesta capela dos Scrovegni em Pádua estarão porventura reunidos alguns dos seus melhores trabalhos. Mas uma simples e modesta capela no que à sua arquitectura diz respeito, adquiriu um grau de sumptuosidade impar, apenas através do revestimento das suas paredes com os frescos deste genial percursor do renascimento.
Destaco aqui, não uma imagem mas duas, e como um mesmo gesto, um beijo, pode ter significados tão diferentes.





Giotto - o beijo da porta dourada; capela dos Scrovegni, Pádua, 1303-1305, fresco

Giotto - o beijo de Judas; capela dos Scrovegni, Pádua, 1303-1305, fresco

Ficam pois aqui estes dois apontamentos de um conjunto único, mas que nos mostram num mesmo espaço como um gesto tão simples como um beijo pode ter vários significados. Um terno beijo de amor entre (são) Joaquim e (santa) Ana, e um beijo frio e de traição com o qual Judas entrega o filho do Homem.

Sem comentários: