
Dos quatro rasgos que lhe fiz no último Galeria, o último contava assim:
«Cheguei a ser tão espontâneo que no dia em que se soube do fim da guerra mundial, saímos para as ruas em manifestação de júblio com bandeiras, cartazes e gritos de vitória. Alguém pediu um voluntário para dizer o discurso e avancei sem pensar sequer para a varanda do clube social, em frente da praça principal, e improvisei-o com gritos altissonantes, que a muitos pareceram aprendidos de cor.
Foi o único discurso que me vi obrigado a improvisar nos meus primeiros setenta anos. (...) De maneira que o meu primeiro êxito público não foi como poeta nem romancista, mas como orador e, pior ainda: como orador político. Desde então, não houve acto público do liceu em que não me empoleirassem numa varanda, mas entao eram discursos escritos e corrigidos até ao último suspiro.»
Sem comentários:
Enviar um comentário